quinta-feira, 7 de agosto de 2008

APRENDENDO A CONSTRUIR NOSSA IDENTIDADE


Aprendendo a construir nossa identidade


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José Manuel Moran

Texto complementar ao meu livro Aprendendo a viver. 3ª ed. São Paulo:Paulinas, 2002




Cada um de nós vai construindo sua identidade

com pontos de apoio que considera fundamentais

e que definem as suas escolhas.

Cada um tem uma forma peculiar de ver o mundo,

de enfrentar situações inesperadas.

Filtramos tudo a partir de nossas lentes,

experiências, personalidade,

formas de perceber, sentir e avaliar a nós mesmos e aos outros.

Uns precisam viver em um ambiente super-organizado

e não conseguem produzir se houver desordem,

enquanto outros não dão a mínima para a bagunça ou fazem dela um hábito.

Uns precisam de muita antecedência para realizar uma tarefa,

enquanto outros só produzem sob a pressão do último momento.

Na construção da nossa identidade é importante como nos vemos,

como nos sentimos, como nos situamos em relação aos outros.

Muitos fomos educados para depender da aprovação dos demais,

fazemos as coisas pensando mais em agradar os outros

do que no que realmente desejamos.

Todos experimentamos inúmeras formas de comparação,

ficamos em segundo plano, fomos deixados de lado,

sofremos todo tipo de perdas

e isso interfere na nossa auto-imagem.

Sempre nos colocam modelos inatingíveis de beleza,

de riqueza, de sucesso, de realização afetiva.

É intensa a pressão social para que nos sintamos infelizes,

diminuídos em alguns pontos ou para que nos contentemos com pouco.

Muitos permanecem imobilizados pelo medo do julgamento alheio, pelo medo de falhar.

Vivem para fora, para serem queridos, aceitos.

E sem essa aceitação se sentem mal, se escondem fisicamente

ou através de formas de comunicar-se pouco autênticas,

desenvolvendo papéis para consumo externo.

Internamente – mesmo quando aparentemente o negamos –

temos consciência de que somos frágeis, contraditórios,

inconstantes e, em alguns campos, inferiores a outros.

A grande questão é que, intimamente,

muitos não se gostam de verdade,

não se aceitam plenamente como são,

duvidam do seu valor, tentam justificar seus problemas,

procuram formas de compensação, de aprovação.

Boa parte dos nossos descaminhos,

das nossas dificuldades, perdas e problemas

advém do medo de sermos felizes,

de acreditar no nosso potencial.

Ficamos marcando passo por sentir-nos inseguros,

por incorporar tantas injunções negativas,

acomodadoras, medíocres.

Essa construção da nossa identidade que fomos realizando tão penosamente não a podemos modificar magicamente.

Podemos, contudo, aprender a ir modificando

alguns processos de percepção, emoção e ação.

É importante reconhecer nossas qualidades,

valorizá-las, destacá-las

e buscar formas de colocá-las em prática,

escolhendo situações em que elas sejam mais testadas e necessárias.

Estar atentos ao que acontece e ir antecipando-nos,

prevendo, testando, avaliando.

Somos chamados a realizar grandes vôos.

Podemos ir muito além de onde estamos e de onde imaginamos

e de onde os outros nos percebem.

Podemos modificar nossa percepção,

aprendendo a aceitar-nos e a gostar plenamente de nós,

a aceitar-nos plenamente, intimamente como somos,

sem comparações nem desvalorizações,

quando ninguém nos vê,

quando não temos que representar para alguém

e ir adiante, no nosso ritmo, acreditando no nosso potencial.

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