sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A VIDA COMO CONSTRUÇÃO


A vida como construção


--------------------------------------------------------------------------------

José Manuel Moran

Texto complementar ao meu livro Aprendendo a viver. 3ª ed. São Paulo:Paulinas, 2002


Construímos a vida sobre fundamentos autênticos ou falsos.

As construções em falso são como andaimes ou contrapesos que colocamos para segurar uma parte do prédio que ameaça vir abaixo, ruir.

Procuramos esconder – até de nós mesmos - o lado negativo, o que anos incomoda, o que não gostamos.

Quanto mais muros de contenção, duplas paredes, contrafortes criamos, quanto mais estruturas paralelas levantamos, menos evoluímos a longo prazo, menos nos realizamos.

As pessoas podem criar obras incríveis, maravilhosas em qualquer setor e, mesmo assim, girar em falso, estarem construindo superestruturas paralelas.

Se o que nos leva a realizar coisas é a necessidade de reconhecimento, de aceitação, de ser queridos, o foco está distorcido e poderemos estar agindo a vida toda em falso.

Se eu preciso necessariamente da aprovação de alguém para sentir-me bem, na mesma medida deixo de aceitar-me, de gostar-me, de integrar-me. Eu me volto na direção do outro, o coloco como eixo e começo a girar em falso. E quanto mais insisto nesse padrão e direção, mais me afasto do meu centro, mais energia preciso gastar, mais peso e superestrutura acumular. Posso ser reconhecido como pessoa importante e não evoluir nem ser feliz.

Creio que a grande maioria das pessoas se agita muito, faz mil atividades, mas não foca o essencial. Chega quase lá, mas lhe falta a atitude de total sinceridade consigo, de permitir-se o desvendamento de tudo o que é e carrega consigo. Espera a sua realização dos outros, de ser reconhecido por eles.

Hoje dá-se muita importância às profissões de divulgação, de marketing, que propiciam ser vistos, reconhecidos como as de modelo, ator, esportista, aparecer na televisão...). Muitos procuram desesperadamente ser vistos, ser entrevistados, aparecer em colunas de revistas, jornais, na TV. Em si isso é válido, mas a atitude de dependência pode atrapalhar. Precisam de reconhecimento social como condição fundamental para sentir-se bem. São felizes se e quando aparecem, quando são solicitados, quando estão em evidência.

É bom ser chamado, mas não posso depender disso, nem sentir-me infeliz se me esquecem. Não posso focar minha vida em função do reconhecimento público. Se vier, ótimo, o aceitarei com prazer, mas não estarei ansioso pelo sucesso, pela aprovação, pelo reconhecimento social. Continuarei minha vida focando a aceitação, a mudança possível e a interação tranqüila com as pessoas e atividades que em cada etapa possuam significado e que me ajudem a crescer.

Nenhum comentário: