quarta-feira, 6 de agosto de 2008

APRENDENDO A MUDAR




Aprendendo a mudar


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José Manuel Moran

Texto complementar do Aprendendo a viver. 3ª ed. São Paulo,Paulinas, 2002

jmmoran@usp.br

A sociedade nos padroniza, abaixa nossas expectativas, nos mediocriza, nos induz a contentar-nos com pouco, com a exterioridade, com as aparências, com a superficialidade das coisas. Na sociedade é mais importante parecer do que ser, fingir do que mostrar-se verdadeiramente.
A sociedade privilegia certos modelos de realização, de sucesso e os identifica com "glamour", poder, aparição freqüente na mídia, riqueza, status. Os modelos sociais nos mostram aspirações bem setorizadas, com objetivos bem definidos: busca da estabilidade financeira, de uma relação estável, de constituir e manter uma família, de desenvolver uma atividade econômica regular...
E não nos mostram muitas pessoas que vão além desses modelos, que acreditam em mudanças mais profundas, que expressam paz, realização e evolução constantes. Essas pessoas , não procuram aparecer, não fazem barulho nem desejam o poder.

A sociedade nos mostra a acomodação nas expectativas de realização das pessoas e isso interfere profundamente nas nossas próprias expectativas.
Por que aspirar a mais? Por que não contentar-se com a "normalidade"? - nos dizem direta e indiretamente. Faltam-nos ver, conhecer pessoas realizadas como um todo e que vivenciam mudanças na sua forma de ver, de sentir e de comunicar-se.

Mudamos pouco, porque acreditamos que não podemos ir muito além de onde chegamos até agora, porque tudo nos puxa para "a média", para a "normalidade", para a imitação dos que vivem perto de nós.
Tudo conspira contra a mudança e favorece a acomodação. Mudar mais profundamente significa ir contra a corrente, ter que justificar o por que nos esforçamos mais, por que escolhemos caminhos diferentes.
Todos temos muitas possibilidades que deixamos de lado. Acreditamos que não vale a pena ir além, que a "vida é assim mesmo", que o normal é isso, que já sabemos o suficiente para continuar agindo.


É importante aprender a quebrar as rotinas, os padrões, para buscar novas dimensões, desafios, percepções. É possível e vale a pena ir além de onde estamos, acreditar e estar abertos para tudo o que nos rodeia, de antenas ligas para com tudo o que pode ajudar-nos a crescer. Sempre podemos mudar, sempre vale a pena tentá-lo. Quantos mais passos dermos na direção da mudança, novos caminhos se abrirão e isso nos recolocará sempre novas questões e desafios, nos levará a novas pessoas, atividades, atitudes.


Somente depois de algum tempo - às vezes anos - ao olharmos para trás conseguimos perceber o quanto mudamos, como em muitos pontos já vamos sendo diferentes e que, mesmo ainda experimentando muitas dificuldades, já não vale a pena voltar atrás, já somos diferentes para sempre.


A realização profunda se dá na aceitação e na mudança. Em acreditar que sempre podemos ir além de onde estamos, de que podemos progredir, encontrar nosso eixo, a paz interior; de que somos chamados a voar e não a rastejar, a ir sempre além e não a desistir de viver...

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